O que você faria se
hoje fosse o último dia da sua vida?!... Imagine a seguinte situação: o barco
que você estava remando bateu em uma pedra, furou e afundou. Felizmente você
conseguiu se salvar e nadou até uma ilha deserta...
Deserta?!... Não!... A
ilha era povoada por seres mágicos, e você, exausto e faminto, foi procurar
abrigo em uma casa de vidro que havia na floresta.
Naquela casa, nada era
o que parecia!!!... O que acontecia dentro não era o que se via fora, mas você
se deixou levar pelas aparências e acreditou que o lugar era seguro.
Você bateu, a porta
abriu, e uma mão gigante puxou você para dentro. Você entrou, e a mão gigante
saiu!... Ela foi mais esperta do que você: Para que ela pudesse sair, alguém
teria que entrar, e você agora terá que ocupar o vazio que ela deixou.
Quem entra nessa casa
compreende que ela não é de vidro... Apenas o que existe dentro dela pode ser
visto... E não há nada para se ver além de paredes vazias... Paredes sem portas
e sem janelas... A única porta que existe é a de entrada... E ela só abrirá se
alguém bater do lado de fora...
Todas as manhãs, uma
voz rouca pergunta: “O que você faria se hoje fosse o último dia da sua
vida?!...”. Você olha para cima, para baixo, ao seu redor, e não vê ninguém...
Mas, todas as manhãs, alguém pergunta: “O que você faria se hoje fosse o último
dia da sua vida?!...”.
De repente, a porta
abre!... Você ouve uma gargalhada, vê um porco voando... E, logo atrás dele,
uma bruxa, que pensa que você é um príncipe, entra e caminha em sua direção...
Ela pergunta: “Quer que eu o liberte?!... Case-se comigo!... Eu me tornarei
bela, se puder colocar uma mecha do seu cabelo na minha poção!...”.
Você hesita... Não
consegue saber o que é pior: permanecer na casa, ou se casar com a bruxa
Bruzélia, que chama o seu porquinho de estimação de Toicinho!...
Mas você não tem
escolha!... A bruxa lança sobre você um feitiço que o imobiliza... E Toicinho,
com um sorriso maldoso, se aproxima, segurando uma tesoura, e corta uma mecha
do seu cabelo!...
Bruzélia o liberta do feitiço só para
vê-lo tremer de medo quando ela faz o caldeirão aparecer do nada e diz: “Ventos, ventos, meu
nome é Bruzélia!... Mexam a poção que me tornará bela!... Toicinho, traga-me o
último ingrediente da poção: uma mecha do cabelo do meu príncipe!... E afaste-se
para não se machucar com a explosão!...”.
Nós não ouvimos explosão nenhuma... E
Bruzélia e o porquinho também não!... Apenas
a voz de Bruzélia ecoa nos quatro cantos da casa: “Que estranho!... Não houve
nenhuma explosão!... Traga-me o espelho!... Maldição!... A minha aparência não
mudou!... Seu impostor!... Você não é um príncipe!... E, se não é um príncipe,
não serve nem mesmo para lavar o meu caldeirão!...”.
Você teve sorte: A bruxa desapareceu
e levou o porquinho consigo... Mas você ainda está dentro da casa... E, todas
as manhãs, ouvirá sempre a mesma pergunta: “O que você faria se hoje fosse o último
dia da sua vida?!...”.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
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