O porquinho Toicinho
nem piscava enquanto Bruzélia dizia: “Dessa vez, eu agarro o meu príncipe!...
Para isso, eu precisarei de asas de fadas... Ouviu bem, Toicinho?!... Eu não
quero asas de borboletas... Capture pelo menos seis fadas e arranque as asas
delas. Preste muita atenção: Cuidado com a fada de asas de folhas... Eu já ouvi
dizer que existe sempre uma delas protegendo as fadas com asas de borboleta.”.
Enquanto a bruxa
Bruzélia instruía o seu assistente; na floresta, a fada Esperança dizia a
Folhínea: “Você precisa ter paciência com as outras fadas, porque elas não a
querem mal...”. Folhínea murmurou magoada: “Elas me desprezam, porque não sou
tão bela quanto elas... E também não sou bela e delicada como você!... Mas não
foi para ficar reclamando que pedi para o vento trazê-la aqui... Estelina veio
visitar-me há pouco... Ela consegue ver o futuro e disse que uma bruxa, que
possui um porco alado, está tramando capturar as fadas para roubar suas asas.
Ela deve ter ouvido falar sobre o creme de beleza que é feito com o pó de asas trituradas.”.
Esperança exclamou:
“Não podemos permitir que isso aconteça!... Se essa bruxa tem um porquinho
alado, certamente pedirá a ele para vir roubar as asas!... Você precisará pedir
ao vento que agite as folhas das árvores para que elas caiam e cubram as fadas!...”.
Folhínea afirmou: “É aí
que está o problema: aquela bruxa tem mais controle sobre os ventos do que
eu... Dessa vez, não há esperança!... Desculpe-me... Eu sei que não deveria ter
dito isso, porque você é a fada que simboliza a esperança... Mas é a mais pura
verdade!... Não poderemos impedir que as fadas sejam capturadas, e suas asas
sejam arrancadas e trituradas para servirem de cosmético àquela bruxa, que não nos deixará em paz enquanto não conseguir
se casar com um príncipe!...”.
Esperança aconselhou: “Não
se desespere, porque juntas teremos mais poderes do que aquela bruxa. Ouça o
que faremos: Uniremos nossa magia e a magia das outras fadas para
transformarmos aquele porquinho alado em um príncipe. Se é um príncipe que
aquela bruxa quer, um príncipe ela terá.”.
Folhínea exclamou:
“Isso é maldade!... Não podemos fazer isso ao pobre animal!”. Esperança perguntou:
“O que você prefere: salvar o porquinho, que já deve ter ajudado aquela bruxa a
praticar muitas malvadezas, ou salvar as fadas?!...”.
Folhínea afirmou: “Você
tem razão: providenciaremos para que esse porco alado beba um pouco do veneno
que ajudou aquela bruxa a espalhar.”.
E assim foi feito... As
fadas se reuniram, teceram uma rede e, do alto de uma árvore, ficaram
aguardando a chegada de Toicinho. Quando viram que ele se aproximava, elas
jogaram a rede sobre suas asas... Ele se atrapalhou no voo e caiu. Elas o
amarraram e o colocaram dentro de um círculo de pedras encantadas. Elas dançaram
ao redor das pedras enquanto pronunciavam palavras mágicas...
Aos poucos, Toicinho
foi levantando o corpo e conseguiu se equilibrar nas patas traseiras... Ele
cresceu, e suas feições foram se modificando até que as fadas concordaram entre
si que ele havia se transformado em um homem muito atraente. Ele parecia hipnotizado
quando ouviu uma das fadas ordenar: “Volte para a sua amada bruxa e case-se com
ela!... Nunca mais coloque os pés nesta floresta!... Agora suma porque já nos
fez perder muito do nosso tempo precioso!...”.
Toicinho, isto é, o
príncipe obedeceu e nunca mais as fadas tiveram que se preocupar com a bruxa
Bruzélia. Naturalmente havia outras bruxas interessadas em fazer o creme com o
pó de suas asas... Mas, de Bruzélia, elas nunca mais ouviram falar.
Texto: Sisi Marques
Arte: Felipe Farias
Nenhum comentário:
Postar um comentário