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terça-feira, 8 de setembro de 2015

A FADA ESPERANÇA E A REALIZAÇÃO DOS SONHOS





O meu nome é Esperança, e eu sempre estou presente na realização dos sonhos. Uma das minhas funções é distribuir os dons às crianças. Embora essa seja uma tarefa fácil e prazerosa, ocasionalmente podem surgir alguns problemas durante as entregas.

Certa vez, eu estava em pleno voo, segurando a cestinha com os copinhos rotulados, quando uma tempestade desabou de repente. Minhas asas ficaram ensopadas, perdi o equilíbrio, soltei a cestinha sem querer, e o vento carregou-a e derrubou-a no chão, espalhando as sementes.

De que adiantavam os rótulos com os nomes das crianças a quem cada semente deveria ser entregue, se as sementes já não estavam mais em seus respectivos lugares?!... Elas pareciam todas iguais, e eu jamais conseguiria descobrir a que dom correspondiam!... Só me restava colocar as sementes nos copinhos aleatoriamente.

Quando cheguei à maternidade, coloquei uma semente na boca de cada bebezinho!... Essa é sempre a melhor parte: Ao me ver voando, a criança sorri, e eu aproveito a ocasião para colocar, em sua boquinha, a semente que começará a germinar para dar origem às suas asas invisíveis. O único problema era a troca das sementes... Cada um dos bebês possuía uma vocação latente, que talvez não correspondesse com a habilidade em forma de semente que ele estava recebendo.

Eu sou uma fada muito ocupada e não disponho de tempo para ficar contando histórias... Mas, já que comecei, mencionarei apenas um caso em que a troca ficou evidente...

Jorge e José, dois irmãos gêmeos, em vez de agradecerem o dom que haviam recebido, ficavam um invejando o trabalho do outro, e suas asas permaneciam encolhidas.

Jorge desenhava muito bem e vivia reclamando que não possuía o dom das palavras. José, por sua vez, escrevia textos que, para ele, não faziam o menor sentido... Ele daria tudo para desenhar como Jorge. Os dois não conseguiam ser amigos, porque um invejava o dom do outro. O desânimo e a insatisfação frequentemente os abraçavam.

Eles teriam permanecido eternos rivais, se Jorge não tivesse dito: “Você ama desenhar, e eu amo escrever. Mas, por ironia do destino, eu desenho melhor do que você, e você escreve melhor do que eu. Poderíamos tentar nos ajudar mutuamente... Somos gêmeos idênticos, e as pessoas nunca sabem se estão falando comigo ou com você. Trocaríamos de lugar: Você frequentaria o meu curso de Desenho, e eu faria os seus trabalhos de Redação.”.

José exclamou: “Isso não dará certo, porque eu desenho muito mal, e você comete erros imperdoáveis de ortografia e concordância!... Ambos seremos reprovados!...”.

Jorge insistiu: “Não, se nos ajudarmos mutuamente: Eu oriento você nos desenhos, e você revisa os meus textos.”.

José concordou, e a rivalidade que havia entre os dois desapareceu para dar lugar à cooperação e à amizade sincera. Eles conseguiram conquistar e aprimorar o dom que tanto amavam. Jorge começou a se expressar através de palavras que fluíam deliciosamente... E José passou a se abster de palavras porque, para ele, a linguagem do Desenho era mais concisa e atraente.

Eles não sentiam o tempo passar quando se entregavam à fascinante descoberta do que eram capazes de realizar... Suas asas, pouco a pouco, foram se fortalecendo, e permitiram que eles voassem guiados por seus sonhos.

Jorge e José tiveram a felicidade de descobrir que a realização dos sonhos não reside no futuro e sim naqueles momentos em que a ação e o coração vibram em uníssono, e o tempo deixa de existir.



Texto: Sisi Marques

Arte: Felipe Farias




Querido Leitor,

Leia também a história: COMO GANHEI MINHAS ASAS



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